Em editorial, Flavio Cotrim-Ferreira ressalta que ainda há muito a fazer nas diretrizes terapêuticas do tratamento das más-oclusões mais frequentes.
Ao longo de minha carreira, vem crescendo o número de pacientes que vejo reiniciar o tratamento ortodôntico. Não raras vezes, eles receberam cuidados de dois ou três colegas, com mecânicas variadas ao longo de muitos anos.
Além das dificuldades inerentes à biologia e à mecanoterapia que todos enfrentamos, entendo que o diagnóstico correto do caso seja a principal chave para uma correção realizada de modo preciso e com a menor duração possível.
O processo de diagnosticar uma anormalidade dos maxilares envolve o entendimento do que é adequado em termos de tamanho, proporção e crescimento das estruturas faciais; a compreensão da sequência eruptiva, inter-relações e harmonia estrutural dos dentes; a cuidadosa análise da dinâmica muscular e articular, assim como a percepção dos anseios estéticos e das limitações comportamentais de nossos pacientes.
São milhares de informações que devem ser identificadas, ordenadas em termos de prioridades e julgadas à luz da Ciência. Somente depois disso podemos traçar um adequado projeto para a solução do problema.
O plano de tratamento pode ser entendido como um roteiro que nos leva do problema avaliado até a situação de “normalidade” ou equilíbrio. Assim como em um mapa, trajetos lineares tendem a ser mais rápidos que as rotas tortuosas e repletas de mudanças de direção.
Ainda temos muito a fazer para definir diretrizes terapêuticas no tratamento das más-oclusões mais frequentes. Tais protocolos clínicos devem ser validados por evidências científicas, com fidedignidade, relevância e potencial de aceitação por parte de ortodontistas e pacientes. Na Medicina, esse trabalho já existe há alguns anos e faz parte de projetos de saúde pública em vários países.
Será que a nova geração de alunos de Ortodontia está sendo preparada para esse desafio?
Boa leitura!
Flavio Cotrim-Ferreira
Editor científico da revista OrtodontiaSPO.
Orcid: 0000-0002-3264-5626.