O Orto 2022-SPO reuniu mais de três mil pessoas no Distrito Anhembi, conectando rotina clínica, pesquisa e novas tecnologias.
Por Renata Putinatti,
João de Andrade Neto e Inahiá Castro
Um grande reencontro do mundo da Ortodontia. Assim foi o 22º Congresso Brasileiro de Ortodontia, o Orto 2022-SPO, realizado entre os dias 22 e 24 de setembro, no Distrito Anhembi, em São Paulo. Após uma pausa forçada, por conta da pandemia de Covid-19, o evento voltou a reunir congressistas, ministradores, empresas do setor e entidades de classe, contribuindo para uma Ortodontia de excelência.
Realizado pela VMCom e promovido pela Sociedade Paulista de Ortodontia (SPO), o Orto 2022-SPO contou com grande presença de público. Nestes três dias de congresso no Anhembi, mais de três mil pessoas estiveram presentes, sendo 3.144 cirurgiões-dentistas, entre congressistas e visitantes.
Com mais de 50 anos história, o Orto-SPO é um tradicional ponto de encontro para os ortodontistas que buscam uma atualização profissional de qualidade. A edição de 2022 apresentou uma grade científica de alta relevância, composta por 193 ministradores reconhecidos nacional e internacionalmente. Ao todo, foram 110 conferências Direto ao Ponto, 29 cursos de imersão, 20 atividades hands-on, três fóruns temáticos e dezenas de palestras sobre tecnologia aplicada.
Entre os destaques das atividades científicas está o debate entre as abordagens convencionais, com uso de fios e braquetes, e as novas tecnologias, como os alinhadores transparentes, incluindo as soluções híbridas. Além disso, diversas atividades tiveram como foco os tratamentos multidisciplinares, nos quais a Ortodontia caminha ao lado da Implantodontia, Periodontia, Endodontia, Harmonização Orofacial e demais especialidades.
De acordo com Jairo Corrêa, presidente da SPO, o evento tem em sua grade científica um ponto alto, mas também ressalta outras qualidades de um encontro presencial desta relevância. “O Orto 2022-SPO foi um período de celebração por nossas conquistas na Ortodontia. Oferecemos tudo o que foi possível aos participantes. E, ao mesmo tempo, tivemos a oportunidade do encontro, não apenas pelo trabalho, mas também pelo convívio social, tão importante nos dias de hoje”, destaca Corrêa, que também foi presidente desta edição do congresso.
Os bons resultados do Orto 2022-SPO mostram a força do congresso, que foi adiado três vezes por conta da pandemia de Covid-19. Mesmo assim, foi considerado um sucesso por congressistas, ministradores e empresas. “O Orto-SPO já é um congresso tradicional no calendário de eventos odontológicos. Mesmo com todas as dificuldades, presenciamos dias muito proveitosos para especialistas e empresas. Acredito que todos tenham saído do Anhembi com ótimas impressões e aprendizados”, relata Haroldo Vieira, coordenador executivo do evento.
Para Cláudio Miyake, secretário-geral do Conselho Federal de Odontologia (CFO), o Orto 2022-SPO abre as portas para importantes novidades no segmento ortodôntico, especialmente após um longo período sem eventos. “A grade científica sofreu uma série de adequações, já que a Odontologia brasileira – e mundial – evolui a cada dia. Por isso, as informações, palestras e produtos expostos avançaram consideravelmente nestes últimos três anos. E o Orto 2022-SPO propicia a oportunidade para todos os congressistas terem acesso ao que há de mais moderno na Ortodontia mundial”, reforça Miyake.
Boas-vindas a todos os participantes
A cerimônia de abertura do Orto 2022-SPO aconteceu no Auditório Celso Furtado e contou com a presença de autoridades e representantes de entidades de classe. A atividade divulgou oficialmente o conteúdo científico do evento e foi palco de homenagens aos cirurgiões-dentistas Norberto dos Santos Martins, Nivan Marton e Seiti Ishi, que receberam placas de prata por suas contribuições à pesquisa científica na Ortodontia.
Jairo Corrêa, aos 96 anos de idade, recebeu uma homenagem especial pelos mais de 70 anos de carreira na Odontologia, em uma trajetória considerada inspiradora, destacando sua generosidade no compartilhamento de conhecimento e na constante delicadeza no trato com as pessoas.
Entre as autoridades presentes estavam também Claudio Myake (secretário-geral do CFO), Silvio Cecchetto (presidente da ABCD), Wilson Chediek (presidente da APCD), Braz Antunes (presidente do Crosp) e Julio Gurgel (representando o corpo docente do evento).
Público diversificado
A 22ª edição do Orto-SPO reuniu mais de 3.170 participantes, entre congressistas, expositores, palestrantes e visitantes. Pessoas de todas as partes do Brasil e também da América Latina estiveram no evento. Desde cirurgiões-dentistas recém-formados até os profissionais mais experientes tiveram a chance de compartilhar experiências e conhecimentos nos três dias do evento. Veja o que eles contam sobre o Orto 2022-SPO:
“Congresso maravilhoso e com palestras excelentes. Buscamos cada vez mais conhecimento para oferecer um tratamento de qualidade para os pacientes.”
Erika Caldeira, de Simonésia (MG)
“Evento fantástico. O nível científico é maravilhoso, presença muito grande dos colegas do Brasil inteiro e da América Latina, além dos estandes caprichados”
Marcelo Velloso, de Salvador (BA)
“Vim em um grupo grande e estou adorando o congresso. É minha primeira vez no Orto-SPO e estou muito feliz com tudo”
Jazmin Servín Molas, de San Estanislau (Paraguai)
“O evento está espetacular, é muito grande e podemos encontrar todas as marcas. As palestras são ótimas. É a primeira vez que venho e não deixarei mais de vir.”
Sirlei Rojas, de Assunção (Paraguai)
“Esta é uma experiência nova para mim. O Orto-SPO tem muitos estandes, marcas renomadas e é a chance de atualizar nosso conhecimento.”
Mayara Garcia, de Lavras (MG)
“Evento com muitas novidades, atualizações e cursos de imersão muito bons”
Renata Santos, de São João Del Rei (MG)
“A programação do congresso estava incrível, tanto nas salas de temas livres como nos cursos de imersão. Os estandes também estavam com uma programação impecável. É uma experiência maravilhosa.”
Lorena Vilanova, de Aracajú (SE)
“É um evento tradicional da Ortodontia e, como sempre, tem uma feira comercial muito boa, uma programação científica bem abrangente e é certeza de um bom congresso, por isso eu gosto sempre de estar presente”
Marcelo Viola, de São Paulo (SP)
“Chama a atenção a presença de várias marcas conceituadas, além das palestras com profissionais que acompanhamos nas redes sociais e que estão mostrando relatos científicos e clínicos. A feira tem produtos com bons descontos.”
Edgar Carvalho, de João Pessoa (PB)
“O Brasil está retomando os congressos, e as maiores empresas e marcas de Ortodontia estão aqui.”
Anderson Lima, de São Lourenço (MG)
Diversidade temática
Após a solenidade de abertura, os presentes puderam assistir à palestra “Sim. Não. Talvez. Jamais e o porquê de cada escolha”, ministrada por Marcos Janson. A proposta foi uma abordagem sobre como fazer escolhas na Ortodontia, elegendo a melhor forma de tratar um paciente.
Por isso, Janson apresentou quatro casos iguais tratados com aparelhos diferentes, mas sob o mesmo planejamento para chegar ao mesmo resultado. “A Ortodontia é a única especialidade em que o que fica na boca do paciente é o resultado. Nas outras, sempre vai ficar uma resina, um enxerto ósseo etc. São três elementos que se conectam: o profissional, o paciente e o aparelho – por isso, é preciso conhecer muito bem o paciente para fazer a melhor escolha de tratamento”, afirma.
Na sequência, subiu ao palco o ator e comediante Leandro Hassum, que fez a apresentação de encerramento do primeiro dia e arrancou sorrisos e aplausos da plateia com suas reflexões cômicas e motivacionais sobre “Pode rir que eu tô falando sério”.
Convergência de opiniões
Ao fazer a adesão ao evento, o congressista teve direito de escolher quatro atividades, incluindo as apresentações dos fóruns temáticos. Essa foi uma novidade na programação científica e proporcionou um debate dinâmico e objetivo entre três participantes, com a intermediação de um moderador.
O primeiro tema abordado foi “Meu projeto profissional”, que contou com a participação de Basílio Bernal, Sérgio Cury, Gabriel Baumeier e moderação de Mariana Benício. Durante três horas e meia, foram discutidas ferramentas para o sucesso profissional, pontos sobre o processo de decisão entre a carreira docente e clínica, e ainda foram feitas reflexões sobre mudanças que podem ser realizadas ao longo da trajetória profissional.
Já o fórum temático “Prescrições ortodônticas”, moderado por Karyna Valle Corotti, contou com aulas fundamentais para a Ortodontia de excelência. O professor Reginaldo Zanelato iniciou demonstrando as características da técnica MBT (que tem prescrição única) e, de maneira clara, apresentou a versatilidade dos braquetes MBT, que justifica sua utilização ao redor do mundo – sendo um legado deixado pelo professor Hugo Trevisi, homenageado durante as três aulas dessa atividade. Na sequência, Leopoldino Capelozza, um palestrante sempre encantador e que considera a individualidade do paciente no planejamento e no tratamento ortodôntico, falou sobre as diferentes prescrições idealizadas por ele. Por fim, de forma leve e descontraída, Celestino Nóbrega trouxe as inovações tecnológicas que permitem uma prescrição totalmente individualizada e uma realidade que promete chegar no Brasil em breve.
O ciclo dessa atividade foi encerrado com a temática “Plano oclusal”, que teve a mediação de Acácio Fuziy. A apresentação começou com Márcio Figueiredo falando sobre como a tecnologia dos alinhadores pode ser utilizada, com ênfase na correção do plano oclusal. Depois, Eduardo Sant’Ana explicou de maneira detalhada como a mudança no plano oclusal pode corrigir o perfil dos pacientes cirúrgicos. Por fim, Hideo Suzuki demonstrou a importância do plano oclusal na biomecânica ortodôntica.
Ortodontia sem fronteiras
Os cursos de imersão são as atividades mais aguardadas da programação científica, por reunirem os maiores nomes da Ortodontia mundial em apresentações únicas e com abordagens aprofundadas. Ao todo, foram 29 cursos com a participação de ministradores brasileiros e estrangeiros, vindos do Japão, Estados Unidos, Austrália e Coreia do Sul. Confira os pontos de destaque de cada aula.
Kenji Ojima (Japão)
Na aula que abriu os cursos de imersão, o professor deu ênfase na apresentação de casos complexos que utilizaram a tecnologia Invisalign. Ojima ressaltou que a Ortodontia Digital já é uma realidade e faz parte do presente. Mas, também destacou que o avanço da tecnologia e o uso da inteligência artificial são importantes aliados para o contínuo desenvolvimento dessa especialidade, sempre pensando em diagnósticos e planejamentos que possibilitam o tratamento de casos considerados complexos e ampliam os limites desta nova era da Ortodontia. Em sua aula, o professor mencionou a estrutura da Invisalign, que conta com um banco de dados com mais de 7,5 milhões de casos tratados, além de falar sobre a constante melhoria no software ClinCheck e no scanner iTero.
Carlos Alexandre Câmara e Daniel Machado
Para falar sobre a autêntica integração entre a Ortodontia e a Harmonização Orofacial, que une face, oclusão e sorriso, Carlos Alexandre Câmara mencionou que a Ortodontia é uma especialidade ímpar na correção de problemas faciais, oclusais, funcionais e estéticos. Dentro desta perspectiva, surge a oportunidade de integrar conceitos ortodônticos e da Harmonização Orofacial para que as melhores opções de tratamento possam ser oferecidas aos pacientes. Já Daniel Machado, em uma aula ricamente ilustrada, fez uma revisão das análises faciais e dos conceitos estéticos do sorriso relacionado ao planejamento digital da face e dos dentes. A partir desse planejamento, ele mostrou como os tratamentos estéticos são fundamentais para uma completa harmonização orofacial.
Peter Ngan (EUA) e Daniela Garib
Por meio de casos clínicos muito bem documentados, a aula teve como foco o uso dos expansores com ancoragem esquelética (Marpe) para expansão e protração maxilar. A fim de tratar deficiências maxilares, os professores destacaram que os expansores híbridos ampliam o escopo do tratamento ortopédico em jovens e adultos jovens. A proposta foi discutir os efeitos e as limitações da expansão e da protração maxilar com o Marpe, e traçar um paralelo comparativo com as miniplacas no protocolo BAMP.
José Fernando Henriques e Laurindo Furquim
A dupla discorreu a respeito da importância do diagnóstico para um tratamento sem extrações no caso de má-oclusão de Classe II e em pacientes com agenesias de incisivos laterais superiores. Primeiro a subir ao palco, José Fernando Henriques defendeu que o tratamento da má-oclusão de Classe II pode ser realizado por meio de diferentes métodos, dependendo das características clínicas apresentadas do padrão facial, das bases ósseas e da quantidade de apinhamento. Ele ressaltou que, diante de tantas opções, é importante que o ortodontista compreenda o modo de ação, as vantagens e desvantagens de cada aparelho. Na sequência, Laurindo Furquim falou que pacientes portadores de agenesias de incisivos laterais superiores, tratados na época correta, geralmente podem receber terapia conservadora para fechamento dos espaços e reanatomizações dos caninos em incisivos laterais superiores. Este procedimento terá como consequência a finalização dos molares mesializados e em chave de Classe II.
Peter Ngan (EUA)
Vindo dos Estados Unidos, o professor fez uma retrospectiva dos 30 anos de correção ortopédica dos maxilares, discutindo sobre a capacidade dos aparelhos funcionais aumentar o comprimento mandibular em pacientes Classe II, a eficácia da máscara facial de protração para produzir efeitos ortopédicos em pacientes Classe III e os efeitos desses mecanismos em longo prazo. Além disso, por meio de evidências clínicas e científicas, Ngan destacou os fatores que influenciam os resultados da Ortopedia Funcional dos Maxilares e os protocolos que são mais promissores nesse tipo de tratamento.
Matheus Pithon e Ricardo Machado
Os professores fizeram uma abordagem complementar e bem ilustrada sobre os caminhos a serem seguidos em casos de extração e a viabilidade de optar pelo aparelho fixo. Durante a apresentação, eles demonstraram os aspectos mecânicos das retrações em casos de extrações de pré-molares, traçando um paralelo entre os casos tratados com Ortodontia fixa e com alinhadores, além de analisar os efeitos colaterais de cada técnica e como evitá-los.
Fernando Manhães e Fabio Romano
Sob a temática “Eficácia e eficiência no tratamento precoce da Classe III”, Fernando Manhães começou descrevendo o uso do Protocolo Manhães de ancoragem esquelética, fazendo uma análise sobre a evolução da técnica e as alterações realizadas ao longo dos anos. Também apresentou resultados de diversos casos clínicos tratados e acompanhados em curto e longo prazo. Depois, Fabio Romano enfatizou que esse tipo de tratamento é desafiador, mas pode ser realizado de diversas formas, dependendo da severidade da má-oclusão e da época de atuação. Dessa forma, ele disse que o uso de ancoragem esquelética e outras modalidades de tratamento em pacientes no surto máximo de crescimento puberal são recursos terapêuticos bastante utilizados e com resultados muito bons.
Eduardo Prado e Eduardo Lenza
De forma muito dinâmica e detalhada, os professores explicaram sobre quando adotar o uso de braquetes convencionais, autoligáveis e alinhadores. Eduardo Prado começou mostrando dicas clínicas para auxiliar na melhor escolha, citando situações em que é possível fazer um tratamento híbrido entre as técnicas com o intuito de diminuir o tempo de tratamento. Já Eduardo Lenza fez uma reflexão sobre as “ondas” vividas na Ortodontia, despertando a atenção sobre pontos que devem ser analisados na adoção de cada protocolo.
Flávio Cotrim e Marcio Almeida
Devido à correlação, alguns tópicos em Ortodontia sempre progrediram juntos ao longo da evolução da especialidade. Porém, com a aclamação do tratamento com os alinhadores, presumia-se que alguns temas pudessem deixar de ser considerados atuais e se tornassem assuntos do passado. Entretanto, não foi isso que os professores Flávio Cotrim e Marcio Almeida apresentaram no palco da palestra do curso sobre “A ancoragem na era dos alinhadores e do diagnóstico 3D”. Os casos clínicos apresentados e tratados com excelência, baseados em evidências científicas e clássicas da Ortodontia atual, demonstraram que a especialidade no Brasil está párea com o restante do mundo.
Alexandre Moro e Marcos Gribel
Nesta apresentação, Alexandre Moro mostrou os protocolos de tratamento da Classe II utilizando propulsores mandibulares. Nos pacientes com retrusão mandibular e na fase pré-puberal, ele utiliza Herbst com sistema MiniScope, enquanto o PowerScope é adotado nos casos de correção da Classe II, quando se pretende somente alterações dentoalveolares. Por sua vez, Marcos Gribel mostrou a possibilidade de correção das distoclusões durante a dentição decídua e início da mista através de pistas diretas planas, proporcionando a normalização da oclusão dentária, bem como da postura mandibular. Ele enfatizou que a prevenção e o tratamento das más-oclusões são possíveis em qualquer idade.
Roberto Brandão e David Normando
O tratamento ortodôntico em pacientes com ausências dentárias pode ser desafiador. Por isso, Roberto Brandão começou falando sobre a necessidade do planejamento em casos de agenesias, perdas dentárias e exodontias estratégicas. Ao longo da aula, fez considerações sobre recursos biomecânicos para fechamento e abertura de espaços, e sobre a finalização do tratamento para obter a melhor estabilidade dentária. David Normando enfatizou a importância do tratamento multidisciplinar em situações de ausência dentária, discutindo os riscos e benefícios do fechamento ou reabertura de espaço, sempre citando a visão global da reabilitação do paciente.
Carlo Marassi e Telma Martins
Carlo Marassi abordou a importância e eficiência do fluxo digital no dia a dia do consultório. Através das imagens 3D obtidas por meio de escaneamento bucal, tomografia computadorizada de feixe cônico e imagens extraorais, ele demonstrou como a integração de todas estas técnicas facilita o diagnóstico, o planejamento, a execução do tratamento, a finalização, as contenções e os acompanhamentos necessários pós-tratamento. A professora Telma Martins fez um brilhante resumo sobre contenções, exemplificando com muitos casos clínicos de diferentes prognósticos. Ela esclareceu sobre as técnicas convencionais e levou os congressistas a uma viagem pelo tempo, mostrando como o fluxo digital pode ser vantajoso e facilitar o planejamento e as colocações das contenções.
Ali Darendeliler (Austrália) e Jorge Faber
Os professores defenderam que a única maneira de acelerar o movimento dentário ortodôntico é acelerando a reabsorção óssea. Para isso, eles fizeram uma ampla análise sobre os vários métodos disponíveis para a reabsorção óssea, incluindo drogas e estímulos externos que foram testados ao longo dos anos. Durante a aula, Ali Darendeliler e Jorge Faber também discutiram os resultados de estudos experimentais, esclarecendo sobre o significado clínico e se esses métodos podem causar algum dano às estruturas dentárias.
Gustavo Zanardi e Maurício Accorsi
Esta foi uma abordagem interessante entre a Ortodontia Digital e o futuro da especialidade. O professor Gustavo Zanardi fez questão de salientar que a Ortodontia Digital está muito além de alinhadores e é preciso se desprender dessa crença. Depois, mostrou situações clínicas envolvendo as limitações e as possibilidades dos aparelhos plásticos. Em seguida, Maurício Accorsi falou sobre o papel dos alinhadores transparentes da prática clínica, discorrendo sobre full in-house, full outsourcing e o caminho do meio. Também, lembrou que a Ortodontia está passando por um processo de transformação, com um novo contexto proporcionado pela revolução digital.
Weber Ursi e Guilherme Almeida
No período de duas horas, os professores resumiram o conhecimento atual sobre a disjunção maxilar em crianças e adolescentes. Basicamente, foram discutidas oito indicações da ERM: correção das atresias, aumento do perímetro do arco, preenchimento do corredor bucal, descompensação nas Classes II, mobilização das suturas, controle do crescimento vertical, melhora da posição de caninos permanentes com desvio de trajetória e tratamento da apneia obstrutiva do sono em crianças (Saos). Para cada uma destas indicações, foram apresentadas evidências científicas e clínicas que justificam ou não sua utilização, dando ao clínico subsídios que ajudam a escolher a melhor opção de tratamento para cada paciente.
Ana Carla Nahás e Mayara Patel
Com o tema “Diretrizes para o tratamento ortodôntico com alinhadores em pacientes adultos com histórico de doença periodontal”, Ana Carla Nahás começou explicando que estamos vivendo um momento de alta procura por tratamento ortodôntico com alinhadores pelos pacientes adultos periodontais. Por isso, ela demonstrou procedimentos terapêuticos assertivos e situações clínicas limites, bem como os aspectos emocionais que devem ser considerados durante a condução terapêutica. Logo depois, Mayara Patel fez uma apresentação sobre o planejamento do melhor sistema de forças a ser empregado no tratamento desses casos, respeitando o princípio da biomecânica ortodôntica. A partir disso, comentou sobre como aumentar a previsibilidade e eficiência dos resultados em pacientes adultos periodontais com o uso de alinhadores ortodônticos.
Sérgio Estelita e José Valladares
Os professores discorreram sobre o tratamento cirúrgico e não cirúrgico da mordida aberta. Sérgio Estelita lembrou que o tratamento não cirúrgico da MAA pode requerer a extrusão dos dentes anteriores, intrusão dos posteriores e normalização das suas angulações. Para tanto, elásticos intermaxilares, mini-implantes e posicionamento estratégico de acessórios podem ser utilizados. Ele apresentou o aparelho Davit, destinado a aumentar a eficiência do tratamento da MAA, explicando sobre seu uso e resultados obtidos. Já José Valladares revelou que a mordida aberta anterior possui prognóstico desfavorável de tratamento, em virtude da sua etiologia multifatorial e frequente recidiva. Por isso, falou sobre as diversas abordagens de tratamento, dependendo da idade do paciente e origem da má-oclusão.
Ali Darendeliler (Austrália)
O ministrador fez uma profunda análise sobre como lidar com trauma dental na Ortodontia, comentando o desafio de tratar casos com dentes anquilosados ou ausentes. Não apenas porque os dentes ausentes precisam ser substituídos, mas também porque o trauma causa perda óssea e isso dificulta seu tratamento, especialmente em pacientes jovens. O gerenciamento de casos de trauma foi discutido em termos de tempo de tratamento, tipos de terapias e possibilidades. Durante a aula, ele apresentou um novo protocolo para distração alveolar de incisivos superiores anquilosados, introduzido recentemente na Universidade de Sidnei.
Adilson Ramos e André W. Machado
O foco foi na otimização de resultados estéticos em incisivos centrais superiores, inclinação do plano oclusal e dimensão vertical de oclusão. Adilson Ramos afirmou que os tratamentos ortodônticos podem alterar a inclinação do plano oclusal, bem como a dimensão vertical de oclusão. Para ele, a ancoragem sobre implantes, mini-implantes e miniplacas ampliou as soluções para os casos mais complexos. O professor também abordou estratégias da manipulação vertical da oclusão envolvendo aspectos do envelhecimento dentofacial e o tratamento ortodôntico interdisciplinar. Depois, André Machado apresentou algumas dicas clínicas essenciais para obter a estética máxima no sorriso, sempre respeitando os limites biológicos. Para isso, o professor utilizou um interessante acervo de imagens clínicas.
Michelle Sendyk e Daniel Falbo
Michelle Sendyk e Daniel FalboA dupla teve como temática o preparo ortodônticocirúrgico de pacientes Classe III, fazendo incursões sobre limites do movimento dentário e planejamento digital. Michelle Sendyk iniciou discorrendo sobre preparo ortodôntico pré-cirúrgico, mostrando de forma muito didática os principais aspectos e procedimentos clínicos necessários para esse tipo de cirurgia. Em seguida, Daniel Falbo falou sobre cirurgia ortognática na maxila e na maxila versus mandíbula, apresentando casos tratados, muito bem finalizados e documentados.
José Augusto Miguel e Flávia Artese
Para esclarecer se existe diferença entre mordida aberta em jovens e adultos, José Augusto Miguel reviu os conceitos de etiologia, tratamento e estabilidade da mordida aberta anterior, confrontando as diferentes alternativas de tratamento. A partir da análise de evidências científicas, ele apresentou critérios para o diagnóstico e tratamento dessa má-oclusão. Já Flávia Artese lembrou que a literatura possui inúmeros trabalhos sobre o tema, porém com informações controversas. Por isso, seu foco foi esclarecer sobre todos os pontos, mostrando tratamentos adequados em pacientes jovens e adultos, e ainda lembrando sobre a importância da assertividade no diagnóstico.
Kee-Joon Lee (Coreia do Sul) e Júlio Gurgel
Nesta aula sobre ancoragem esquelética, a proposta foi oferecer um verdadeiro dossiê para a correção das discrepâncias esqueléticas. Pensando nisso, foram apresentadas as evidências científicas e os resultados clínicos com o uso da ancoragem esquelética no controle vertical e na expansão maxilar de pacientes adolescentes e adultos. O padrão facial hiperdivergente foi abordado com ênfase em aspectos relativos aos objetivos estéticos, à biomecânica da intrusão e à remodelação da sínfise. Também foram abordados os princípios básicos e as mais recentes considerações clínicas sobre o uso do Marpe.
Ricardo Tesch e Bruno Furquim
Ricardo Tesch iniciou falando sobre a mudança de paradigma na relação entre oclusão e DTM, lembrando que determinados padrões esqueléticos podem ser a consequência de DTM articular precoce. Ele defendeu que a doença degenerativa da ATM, com potencial de influenciar a estabilidade ortopédica mandibular, deve ser previamente diagnosticada e controlada antes do início de tratamentos ortodônticos ou cirúrgicos ortognáticos. Bruno Furquim frisou que essas situações são relativamente comuns nos consultórios, mas que é preciso entender as queixas funcionais e dolorosas dos pacientes, e as particularidades de cada patologia para determinar a conduta mais eficiente.
Fabrício Valarelli e Karina Freitas
As más-oclusões de Classe II e Classe III em pacientes adultos podem ser tratadas de diferentes maneiras, de forma compensatória ou cirúrgica. Fatores como idade, severidade da discrepância, convexidade do perfil facial e colaboração do paciente são decisivos na escolha do método de tratamento e consequente sucesso da correção da má-oclusão. Por isso, Fabrício Valarelli e Karina Freitas discutiram diferentes tratamentos nessas situações, assim como os fatores que influenciam na decisão do tipo de terapia.
Ary Santos Pinto e Luiz Gandini Jr.
Ary Santos Pinto começou realizando uma abordagem sobre o tratamento ortodôntico com extrações de pré-molares, dando ênfase às mudanças dentofaciais em decorrência do fechamento de espaço. Ele fez considerações sobre características, como padrão de crescimento, posição e morfologia labial, e exposição dos dentes. Depois, Luiz Gandini Jr. ressaltou o fechamento de espaços, considerando os aspectos de controle do movimento nos segmentos envolvidos. Ele fez um comparativo dos diferentes mecanismos de fechamento de espaços e as características biomecânicas envolvidas em cada um deles.
Marlos Loiola e Wendel Shibasaki
Os professores destacaram o uso da tecnologia no consultório de forma segura, objetiva e acessível. Para eles, o ortodontista encontra-se em meio a uma revolução tecnológica, mas tem insegurança para investir em aparelhos e softwares caros para iniciar a digitalização do consultório. Nesse sentido, a dupla demonstrou como superar esse momento com o uso racional e objetivo da tecnologia 3D para auxiliar na tomada de decisão clínica com baixo investimento.
Eduardo Rothier e Renato Martins
A Ortodontia com alinhadores cresce em todo o mundo, então um ponto-chave amplamente enfatizado por Eduardo Rothier foi o planejamento de casos, para que sejam mais facilmente reproduzidos na boca dos pacientes. Renato Martins lembrou que há novidades frequentes no que tange à Ortodontia Digital, sejam inovações nas ferramentas de diagnóstico ou de execução do tratamento (plástico ou metal). Por isso, seu objetivo foi mostrar de maneira clara a aplicabilidade dessas ferramentas recentes.
Kee-Joon Lee (Coreia do Sul)
A cirurgia ortognática tem sido a única modalidade de tratamento para corrigir as discrepâncias esqueléticas nos adultos. Com base na biologia e biomecânica conhecidas, o professor apresentou as justificativas, os efeitos clínicos e as soluções de problemas em termos de mudança facial em adultos, discorrendo sobre a movimentação da mandíbula sem cirurgia em adultos, o limite do Marpe e o impacto facial da intrusão total do arco.
Experiência prática
Modernizando a grade do Orto 2022-SPO, o hands-on foi uma nova atividade que compôs a programação científica. Trata-se de um espaço onde os profissionais receberam orientações práticas e teóricas de tutores, em um total de 20 aulas com temas variados, para conseguir, assim, aprimorar técnicas clínicas.
As aulas ministradas mostraram que a comunicação entre as várias especialidades pode ser facilitada pelas ferramentas digitais e que o planejamento 3D pode proporcionar maior previsibilidade na movimentação ortodôntica, cirurgias ortognáticas menos invasivas e resultados clínicos mais satisfatórios.
Também foram discutidos os avanços tecnológicos dos alinhadores ortodônticos, com a implementação de plásticos melhores e mais resistentes, além de mais recursos de movimentação dentária. Outra importante reflexão foi a respeito da prática da Harmonização Orofacial por recém-formados, que não têm experiência clínica odontológica, e sobre os atuais excessos realizados por profissionais que não respeitam as normas estéticas individuais.
De forma inovadora, o congresso disponibilizou a prática laboratorial hands-on e os participantes tiveram a oportunidade, por exemplo, de conhecer e instalar os mini-implantes extra-alveolares – dispositivos já considerados imprescindíveis na rotina clínica.
Foco na Ortopedia Funcional dos Maxilares
Esta edição do Orto 2022-SPO contou com um ciclo de 12 conferências sequenciais que tiveram foco na Ortopedia Funcional dos Maxilares (OFM). A atividade inédita aconteceu no Auditório 4 durante um dia inteiro.
Os ministradores fizeram uma abordagem ampla, passando por várias áreas de interesse, como a OFM sem o uso de aparelhos ortopédicos funcionais, anquiloglossia associada à amamentação, intervenções precoces em más-oclusões, tratamento de mordida aberta, harmonia facial, alcance da estabilidade, relação entre oclusopatias e o desenvolvimento craniofacial, entre outros fundamentos
Informação objetiva
Em quatro salas com atividades simultâneas, mais de 100 ministradores estiveram à frente das conferências Direto ao Ponto. Com apresentações que duram 30 minutos, este formato permite ao ortodontista assimilar rapidamente os conceitos ensinados e aplicá-los em sua clínica e em seus pacientes.
Os temas das aulas foram bastante diversificados, englobando todas as subdivisões da Ortodontia, como braquetes, alinhadores, ancoragem esquelética, OFM, remodelação óssea, expansão maxilar assistida, planejamento digital, tratamentos para Classe II, entre outros assuntos relevantes.
O futuro da especialidade
Os painéis científicos reuniram trabalhos de jovens ortodontistas e ficaram expostos em telas interativas e acessíveis a todos os participantes durante os três dias do evento. A premiação de seis painéis científicos foi um dos destaques do Orto 2022-SPO. Os trabalhos foram subdivididos em duas categorias (Pesquisa e Caso Clínico), e os autores dos três primeiros colocados de cada categoria receberam prêmios em dinheiro
Categoria: Pesquisa
1° lugar – Reorientação do posicionamento da cabeça do paciente para análise tomográfica: uma nova metodologia
Silvia Negrisoli, Mario Cappellette Junior, Lucia Hatsue Yamamoto, Daniela Pimentel Machado Renófio Hoppe, André Bessen e Renata da Fonseca Lacerda e Muniz
2º lugar – Distúrbios obstrutivos do sono pediátrico e Ortodontia
Lucia Hatsue Yamamoto, Mario Cappellette Junior, Alexandre Zanesco, Luis Roberto Lima Rodrigues, Lucas Fiorante Cappellette e Clarissa Izzo de Abreu Mariutti
3º lugar – Avaliação da preservação óssea após a extração dentária em ratos no período de crescimento, utilizando mini-implantes e laser
Thais Salgado Brandão, Selly Sayuri Suzuki e Aguinaldo Silva Garcez Segundo
Categoria: Caso Clínico
1º lugar – Avaliação da preservação óssea em casos de agenesia, utilizando miniparafuso bicortical e laser durante a fase de crescimento
Maristela Barriento Lopes Peron, Selly Sayuri Suzuki, Aguinaldo Silva Garcez Segundo, Leidiani Rossi e Thaís Salgado Brandão
2º lugar – Tratamento com alinhadores ortodônticos em um paciente com recessão gengival severa: relato de caso
Eduardo Terumi Blatt Ohira, Paula Cotrin, Gustavo Ossamu Blatt Ohira, Fabrício Pinelli Valarelli, Karina Maria Salvatore de Freitas e Célia Pinzan-Vercelino
3º lugar – O novo aparelho Davit aplicado à correção da mordida aberta associada à má-oclusão de Classe III
Bianca Heck, Sérgio Estelita, Juliana Figueiredo Dal Gallo Faria, Paula Balestrin, Franciele Lima Alberton e Kelly Chiqueto
ExpOrto 2022-SPO Novas tecnologias e oportunidades de bons negócios
Paralelamente à ampla programação científica, ocorreu a exposição promocional ExpOrto 2022-SPO, que contou com a participação de 70 empresas do setor. Mesmo em um ano economicamente difícil para o País, as marcas garantiram excelentes oportunidades de negócio para os congressistas, que também puderam falar diretamente com os fabricantes, tirar dúvidas, conferir de perto os lançamentos e assistir a cursos e workshops oferecidos nos estandes.
O sucesso do congresso pode ser mensurado pelo intenso movimento na exposição promocional durante os três dias de evento. O público aproveitou o momento para conhecer as novidades, os serviços e as novas tecnologias. A inovação em todos os campos esteve presente em um ambiente propício ao networking e a bons negócios.
“A grande procura por novidades foi uma marca desta edição do evento. Por isso, a exposição promocional registrou uma intensa participação de congressistas e visitantes, resultando em bons negócios para especialistas e empresas”, pontua Haroldo Vieira.
O Orto 2022-SPO em números
2.255 congressistas
889 dentistas visitantes
193 ministradores
70 empresas expositoras
56 membros da comissão organizadora
1.288 staff das empresas
4.751 participantes no total
110 conferências Direto ao Ponto
29 cursos de imersão
20 atividades hands-on
3 fóruns temáticos
Livro oficial
Com a temática “Ideias que convergem para a evolução”, o livro oficial do Orto 2022-SPO tem rico embasamento científico e foi ilustrado com casos clínicos. A obra apresenta temas relevantes e atuais, divididos em quatro seções: Ortodontia na infância; Diagnóstico do conjunto face, oclusão e sorriso; Ortodontia corretiva contemporânea; e Alinhadores: vantagens e limitações.
Esta é uma publicação exclusiva do evento, possui capa dura, lombada quadrada e formato especial. Todos os participantes do Clube dos 2.500 receberam um exemplar.