Mini-implantes extra-alveolares no preparo ortocirúrgico

Mini-implantes extra-alveolares no preparo ortocirúrgico

Compartilhar

Realizar um preparo ortocirúrgico não é tarefa fácil. Márcio Almeida traz dicas importantes, desde o diagnóstico até a execução.

Nesta matéria

  • Posicionamento dentário nas bases ósseas para criar condição à movimentação da mandíbula para sanar o retrognatismo.
  • Descompensação de incisivos para devolver o correto posicionamento no osso.

Se eu contasse que 30% dos meus casos ortodônticos no consultório são cirúrgicos, você acreditaria? Pois é, o índice é alto e eu não vejo nada de errado nisso. Eu adoro realizar o preparo ortocirúrgico. Por outro lado, meus alunos sempre comentam: “Tenho medo de caso cirúrgico. Será que dou conta do recado? Por onde começo? Posso ir alinhando os dentes e depois procuro um cirurgião para operar? Quando o caso realmente está bom para ir à cirurgia?”.

Nesta hora, é bom ter muita calma. Preparar um caso ortodôntico para cirurgia ortognática não é fácil. É essencial ter um bom diagnóstico e o planejamento deve ser executado com maestria, principalmente em casos atípicos.

Basta observar o caso clínico exposto aqui (Figuras 1 a 7). Além de posicionar os dentes corretamente nas bases ósseas, precisamos criar uma condição dentária favorável para que o cirurgião mova a mandíbula para frente, no intuito de sanar o retrognatismo, que era a queixa estética facial da paciente. Ou seja, tivemos que descompensar os incisivos e devolver o correto posicionamento ao osso.

Certamente, algum aluno me perguntaria: “Neste caso, precisamos ter overjet o suficiente para então o cirurgião avançar a mandíbula e corrigir o padrão facial de Classe II para uma face de Classe I? Como fazer isso sem ter overjet?”. É exatamente esse o “calcanhar de Aquiles” do caso: temos que criar o overjet (Figura 4).

Leia também: Recessões gengivais causadas por contenções

Já imagino o aluno questionando: “Tem apinhamento no arco inferior (Figura 5) e, ao passar o fio, os incisivos irão para frente e não para trás como precisamos?”. Exatamente! E isso não pode acontecer. Nada supera a ancoragem esquelética em buccal shelf (Figuras 4 e 7) para retrair todos os dentes inferiores sem a necessidade de extrair pré-molares ou realizar strippings.

Utilizamos força de 350-400 gr de cada lado para retrair todo o arco. Observe nas Figuras 8 a 10 a biomecânica da retração no arco inferior. Criamos um overjet de 10 mm com o parafuso em buccal shelf. O preparo ortodôntico para movimentar os dentes inferiores para trás durou oito meses e o caso foi finalizado após um período total de 18 meses (Figuras 1 a 3).

Não é apenas a Ortodontia que importa. É preciso contar com um cirurgião que tenha sensibilidade, destreza e visão de um cirurgião-plástico, e que, sobretudo, vocês possuam o mesmo ponto de vista biomecânico. É aquela máxima: se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá bem acompanhado.