Mordida cruzada de Brodie: Marcio Almeida mostra como chegar a um resultado de excelência por meio de um bom diagnóstico e adequado planejamento biomecânico.
Sabemos que não é fácil corrigir uma mordida cruzada de Brodie na Ortodontia usando aparelhos fixos porque, geralmente, requer mecânicas mais complexas com o auxílio de cirurgia ou elásticos intermaxilares (que dependem 100% da colaboração do paciente). Agora, adicionando um grau de dificuldade: e se for usado um alinhador como forma de tratamento? Seria possível corrigir esta desafiadora má-oclusão somente com os plásticos (Figuras 1 a 5)?
É possível, mas quantos alinhadores seriam necessários para efetuar a correção deste problema? Muitos, não é verdade? Assim, uma sugestão é abrir a caixinha de ferramentas e adicionar aos alinhadores uma ancoragem esquelética (Figuras 6 a 13), posicionando um mini-implante como reforço de ancoragem na área de buccal shelf e outro miniparafuso no palato (na famosa zona “T”), distando de 1 mm a 3 mm da sutura mediana na região entre pré-molares.
Agora ficou mais fácil: basta aplicar a biomecânica com o uso de elásticos em cadeia – que não dependem da colaboração do paciente – em conjunto com os alinhadores que, por sinal, estão cortados nos dentes 26, 27, 36 e 37. As Figuras 14 a 17 ilustram o caso evoluindo após três meses da combinação de alinhadores e ancoragem extra-alveolar. Note que foi necessário reposicionar o parafuso em buccal shelf, pois tocava nos molares que estavam sofrendo força vestibular (Figura 17).
Então, não espere que o planejamento 3D com alinhadores, sem usar uma mecânica associada como esta, faça a correção por você. Foque no correto diagnóstico e depois execute a Ortodontia com base na biomecânica. E você poderia perguntar: como seria o tratamento deste paciente com aparelho fixo? Pois é, exatamente da mesma forma observada nas Figuras 18 a 25, com mordida cruzada de Brodie unilateral do lado direito, usando a mesma biomecânica que foi utilizada no plástico associado aos mini-implantes em buccal shelf.
O importante não é discutir se um aparelho é melhor que o outro, mas sim como podemos definitivamente chegar a um resultado de excelência por meio de um bom diagnóstico, adequado planejamento biomecânico e objetivos bem delineados – independentemente se escolhido braquete ou plástico. É sempre bom lembrar que “insanidade é continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes”, como disse Albert Einstein. Seja diferente na Ortodontia e faça a diferença para os seus pacientes.
Marcio Rodrigues de Almeida
Mestre, doutor e pós-doutor em Ortodontia – FOB-USP; Minirresidência em Ortodontia – Universidade de Connecticut, EUA; Professor do curso de mestrado/doutorado em Ortodontia – Unopar, Londrina/PR.
Orcid: 0000-0002-2684-0943.