Abordagem biomecânica da mordida cruzada de Brodie

Abordagem biomecânica da mordida cruzada de Brodie

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Mordida cruzada de Brodie: Marcio Almeida mostra como chegar a um resultado de excelência por meio de um bom diagnóstico e adequado planejamento biomecânico.

Sabemos que não é fácil corrigir uma mordida cruzada de Brodie na Ortodontia usando aparelhos fixos porque, geralmente, requer mecânicas mais complexas com o auxílio de cirurgia ou elásticos intermaxilares (que dependem 100% da colaboração do paciente). Agora, adicionando um grau de dificuldade: e se for usado um alinhador como forma de tratamento? Seria possível corrigir esta desafiadora má-oclusão somente com os plásticos (Figuras 1 a 5)?

Figuras 1 a 5 – Caso clínico de mordida cruzada de Brodie do lado esquerdo, causada por vestibuloversão dos molares superiores do lado esquerdo e linguoversão dos molares inferiores 36 e 37.

É possível, mas quantos alinhadores seriam necessários para efetuar a correção deste problema? Muitos, não é verdade? Assim, uma sugestão é abrir a caixinha de ferramentas e adicionar aos alinhadores uma ancoragem esquelética (Figuras 6 a 13), posicionando um mini-implante como reforço de ancoragem na área de buccal shelf e outro miniparafuso no palato (na famosa zona “T”), distando de 1 mm a 3 mm da sutura mediana na região entre pré-molares.

Figuras 6 a 13 – Biomecânica de alinhadores associados à ancoragem esquelética. Posicionando um mini-implante (2 mm x 12 mm) como reforço de ancoragem na área de buccal shelf e outro miniparafuso (1,5 mm x 10 mm) no palato, na famosa zona “T”, onde deve distar de 1 mm a 3 mm da sutura mediana na região entre pré-molares (Figura 9). Foram colados botões linguais nos molares e aplicada força de aproximadamente 250-350 g com elásticos em cadeia.

Agora ficou mais fácil: basta aplicar a biomecânica com o uso de elásticos em cadeia – que não dependem da colaboração do paciente – em conjunto com os alinhadores que, por sinal, estão cortados nos dentes 26, 27, 36 e 37. As Figuras 14 a 17 ilustram o caso evoluindo após três meses da combinação de alinhadores e ancoragem extra-alveolar. Note que foi necessário reposicionar o parafuso em buccal shelf, pois tocava nos molares que estavam sofrendo força vestibular (Figura 17).

Figuras 14 a 17 – Três meses de evolução do caso. Note que foi necessário reposicionar o parafuso em buccal shelf mais para distal e mais para vestibular, devido ao contato com os molares.

Então, não espere que o planejamento 3D com alinhadores, sem usar uma mecânica associada como esta, faça a correção por você. Foque no correto diagnóstico e depois execute a Ortodontia com base na biomecânica. E você poderia perguntar: como seria o tratamento deste paciente com aparelho fixo? Pois é, exatamente da mesma forma observada nas Figuras 18 a 25, com mordida cruzada de Brodie unilateral do lado direito, usando a mesma biomecânica que foi utilizada no plástico associado aos mini-implantes em buccal shelf.

Figuras 18 a 25 – Caso clínico tratado com aparelho fixo, em que a correção da mordida de Brodie obedeceu a biomecânica com botões colados na face lingual dos elementos 46 e 47, e uso de elásticos em cadeia apoiados ao parafuso em buccal shelf. As Figuras 23 a 25 mostram o caso cinco meses após a correção da mordida cruzada. Compare as Figuras 21 e 25, e note o aumento transversal na região dos molares.

O importante não é discutir se um aparelho é melhor que o outro, mas sim como podemos definitivamente chegar a um resultado de excelência por meio de um bom diagnóstico, adequado planejamento biomecânico e objetivos bem delineados – independentemente se escolhido braquete ou plástico. É sempre bom lembrar que “insanidade é continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes”, como disse Albert Einstein. Seja diferente na Ortodontia e faça a diferença para os seus pacientes.