Ortodontia Biocriativa: as forças sob controle
A técnica Biocriativa possui protocolos e acessórios de ancoragem específicos. (Imagem: Shutterstock)

Ortodontia Biocriativa: as forças sob controle

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Desenvolvida na Coreia do Sul, pelo professor Kyu-Rhim Chung, a Ortodontia Biocriativa ou Biocreative Orthodontics Strategy (BOS) é uma filosofia de tratamento baseada no uso de acessórios de ancoragem esquelética que visa simplificar a biomecânica, favorecer a qualidade da terapia e reduzir significativamente o tempo de tratamento. “Os acessórios utilizados nessa metodologia são os dispositivos temporários de ancoragem esquelética (DTAEs) tipo C, a exemplo do C-implant, miniplacas C-tube e miniplacas C-palatal”, explica Marlos Loiola, doutorando em Ciências Odontológicas em Ortodontia.

Com atuação nas dentições mistas e permanentes, a técnica tem protocolo próprio de execução que possibilita o tratamento de pacientes com limitações anatômicas. Luiz Fernando Eto, mestre em Ortodontia, explica que a Ortodontia Biocriativa busca seguir seis princípios básicos para chegar à oclusão fisiologicamente estável:

  1. Observar os limites do osso alveolar (anatomia, qualidade e quantidade);
  2. Buscar a posição terapêutica do côndilo;
  3. Focar nos dentes problemáticos (os alvos do tratamento);
  4. Mínimo uso de TADs, com o máximo impacto deste uso;
  5. Observar a postura da língua;
  6. Expandir o palato com o uso de aparelho expansor apoiado em mini-implantes em adultos jovens.

Praticada desde 2000 – ano em que o primeiro artigo sobre a técnica foi publicado no Journal of Clinical Orthodontics –, promove uma retração cuidadosamente controlada dos dentes anteriores nos três planos, sem a necessidade de colagem ou ancoragem diretamente nos dentes. “Esse conceito foi desenvolvido porque os mini-implantes e as miniplacas parcialmente integrados ao osso podem facilmente suportar grandes forças multidirecionais, mesmo quando estiverem conectados a arcos ortodônticos”, detalha Loiola. É possível retrair o segmento anterior de forma independente por meio da inserção do fio no orifício do mini-implante. Durante a retração com ancoragem dentária ou com ancoragem indireta em miniparafusos, os vetores reais de intrusão nos dentes anteriores são difíceis de serem alcançados sem as indesejadas forças de reação, que afetam as unidades dentárias posteriores.

Figura 2 – Miniplaca C-palatina.

Na terapia biocriativa é possível alcançar os verdadeiros vetores de intrusão sem efeitos colaterais, desde que o C-implant integrado ao osso ou à C-placa esteja seguro, evitando, assim, rotações. “Os dentes posteriores podem ser deixados intocados sem incluí-los na mecânica, pois o C-implant foi desenvolvido com um tubo para receber o arco ortodôntico. O potencial de osseointegração permite receber uma carga de força pesada, rotacional e dinâmica, além da aplicação de forças de retração (torque e intrusão)”, detalha o ortodontista, acrescentando que este é um método de tratamento eficiente sobretudo quando é necessária ancoragem absoluta, principalmente em pacientes com histórico de cárie, doença periodontal grave ou perdas dentárias.

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